FIBROSE
PULMONAR IDIOPÁTICA (*)
A fibrose pulmonar idiopática (FPI) é uma
doença intersticial fibrosante crônica, progressiva e incapacitante com
evolução para insuficiência respiratória. Tem etiologia desconhecida e alta
morbimortalidade acometendo indivíduos acima dos 60 anos de idade. Mesmo sendo
pouco frequente, assume grande importância pela sua gravidade. Estima-se que a
sobrevida média dos pacientes sem tratamento seja de apenas 2,9 anos. Na
ausculta pulmonar chama atenção a presença de estertores pulmonares em velcro.
O diagnóstico da FPI pode ser
inferido com grau de certeza satisfatório nos aspectos radiológicos descrito na
TCAR (tomografia computadorizada de alta resolução do tórax). Do ponto de vista histológico, a FPI se caracteriza
pelo padrão de pneumonia intersticial usual (PIU) e o exame histopatológico
de biópsia pulmonar cirúrgica geralmente confirma o diagnóstico. No diagnóstico
diferencial sobressaem algumas doenças pulmonares intersticiais como a asbestose,
pneumonia de hipersensibilidade (PH) e artrite reumatoide (AR) com
comprometimento pulmonar. Os principais sintomas relatados pelos pacientes, em
diversos graus de intensidade são: tosse seca persistente e falta de ar para
atividades física. A insuficiência respiratória está presente em todos os casos
e é a principal causa do óbito. Episódios de exacerbação aguda são associados a
alterações radiológicas que requerem exclusão de outras comorbidades
(insuficiência cardíaca esquerda, pneumotórax, pneumonias e embolia pulmonar). Estudos
comprovam que o tratamento com antifibróticos pode reduzir o risco de
exacerbações agudas no paciente com FPI.
O tabagismo é considerado tanto fator de
risco para FPI como para o enfisema pulmonar, sendo esse, comorbidade frequentemente
associada a doença. A doença do refluxo gastro-esofágico (DRGE) ocorre com
frequência nos pacientes com fibrose.
Nas
últimas décadas inúmeros medicamentos, com diversos mecanismos de ação foram propostos
para o tratamento dessa doença. Entretanto, os estudos resultaram em desfechos
negativos. Nenhum dos fármacos investigados (Sildenafil, bosentana, macitentana, ambrisentana,
n-acetil cisteína, azatioprina e corticosteroide) mostram evidências em trazer
alívio da falta de ar, melhora da qualidade de vida ou reduzir mortalidade em
pacientes com FPI.
Apesar de não haver tratamento curativo, dois
medicamentos aprovados pelo FDA (Food and Drug Administration) desde 2014, com
ação antifibrótica, estão disponíveis no mercado farmacêutico para uso em
pacientes com FPI: o nintedanibe e a
pirfenidona. Esses medicamentos
vieram substituir anti-inflamatórios e imunossupressores, tanto pela eficácia
comprovada na redução da progressão dessa doença como também na mortalidade. Efeitos
adversos não são raros em paciente tratados com antifibróticos. Diarreias, náuseas,
vômitos e perda de peso, dor abdominal são relatados em mais de 50% dos pacientes
que fazem uso de nintedanibe. Outro efeito adverso é risco de sangramento e uso
concomitante de anticoagulantes. É necessário controle laboratorial de enzimas
hepáticas antes e durante o tratamento. Quanto à pirfenidona o problema refere-se
a interações medicamentosas com outras drogas que também são metabolizadas no
fígado (amiodarona, ciprofloxacino, antidepressivos, antipsicóticos, omeprazol
e correlatos). O uso de pirfenidona exige cautela em pacientes com
insuficiência hepática e renal. Recomenda-se evitar a exposição direta à luz
solar por reação de fotossensibilidade. Também são frequentes perda do apetite,
dor de cabeça, náuseas, diarreia, fadiga e erupção cutânea. Ambas as medicações
apresentam eficácia semelhante em termos de reduzir o declínio da função
pulmonar em pacientes com FPI.
Em artigo especial
publicado pela Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia: Diretrizes brasileiras para o tratamento
farmacológico da fibrose pulmonar idiopática, “confirmam que evidências indicam que tais agentes
antifibróticos são, de fato, as únicas opções de tratamento farmacológico
capazes de induzir uma redução do declínio funcional na FPI. Ambos reduzem o
ritmo de queda da CVF (capacidade vital forçada), que é um preditor forte e
independente de mortalidade da doença. Entretanto, é fundamental que sejam
avaliadas as peculiaridades de cada caso na indicação ou não de algum desses
fármacos, incluindo a gravidade do acometimento funcional, a presença de
comorbidades, o uso de outros fármacos passíveis de interações, potenciais
eventos adversos, custos e, principalmente, os anseios dos pacientes e de seus
familiares. Deve-se reforçar ainda que os fármacos antifibrosantes nintedanibe
e pirfenidona não foram comparados entre si em nossas diretrizes, de modo que
não se pode determinar a superioridade de um sobre o outro. Adicionalmente, não
foi avaliado o uso combinado desses fármacos”.
Transplante de pulmão é considerado opção
terapêutica com ressalvas e é restrito a uma parcela de pacientes devido associação
de comorbidades, idade avançada, riscos inerentes à cirurgia, custos elevados e
disponibilidade de doador. A suplementação de oxigênio, reabilitação pulmonar e
imunizações fazem parte do tratamento não farmacológico.
Laboratório farmacêutico Boehringer Ingelheim comercializa o nintedanibe com o nome de Ofev® e divulga um
atendimento personalizado para pacientes com FPI através do cadastro no
Programa “Ao seu lado”, telefone 08002008989 e site: www.programainspirandovoce.com.br. O laboratório Roche
detentor da pirfenidona (Esbriet®) também possui um canal denominado “Programa Valer”
de suporte ao paciente por meio do 08007776245 ou site www.programavaler.com.br.
(*) Fibrose é um tecido
de cicatrização que destrói progressivamente a região saudável da estrutura
pulmonar. Idiopática é quando não se conhece a causa de uma doença.
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