domingo, 26 de julho de 2020

Profilaxia e tratamento não autorizados do Covid-19
      Até o presente momento, ainda não há embasamento científico que comprove a eficácia de nenhum medicamento para tratamento do novo coronavírus, contudo médicos e agentes de saúde propagam resultados favoráveis no tratamento e profilaxia com ivermectina, medicamento originalmente indicado para tratar sarnas, piolhos e parasitas intestinais sem efeitos colaterais significativos. A própria ANVISA admite que não há estudos que refutem o uso desse fármaco no tratamento e profilaxia do novo coronavírus. Adeptos ao tratamento preventivo com ivermectina recomendam repetir a dose de 0,2 mg por Kg de peso corporal após 15, 30, ou até 60 dias em única tomada após uma refeição. A justificativa para seu uso foi a demonstração que a droga pode inibir a replicação do SARS-CoV-2 in vitro (estudos da Universidade de Navarra: www.isglobal.org).
    Já a hidroxicloroquina com ou sem azitromicina na dose de 400mg duas vezes ao dia no primeiro dia, seguida de um comprimido de 400mg do segundo ao sétimo dia (7,5mg/Kg de peso), tem sido o esquema mais divulgado para a fase inicial da doença. Outros recomendam a dose de 600mg por 10 dias, também no estágio inicial. Lembrar das limitações para cardíacos, principalmente nas arritmias. Azitromicina 500mg uma vez ao dia durante 5 a 8 dias.
   A dexametasona é um corticoide indicado para a fase mais avançada da Covid-19, quando a doença evolui com reação inflamatória, acometimento pulmonar e fenômenos tromboembólicos devido a reação imunológica. Nessa fase mais grave a dexametasona reduz a mortalidade em pacientes internados nas unidades de terapia intensiva. A dose mais utilizada tem sido de 6mg VO ou EV por 10 dias. Na opção de prednisona ou prednisolona recomenda-se a dose de 30mg VO (0,5 a 1,0 mg por Kg de peso corporal). 
   Também tem sido relatado o benefício de Zinco (80mg), Vitamina D3 (10.000 UI), Magnésio (150mg) e Famotidina 40mg. 
    Acredita-se que o uso de própolis em cápsulas tenha efeito positivo na imunidade à vários tipos de infecções. 
    Aos primeiros sinais de fenômenos tromboembólicos torna-se necessário o uso de enoxaparina ou heparina plena. Nessa situação o paciente deverá estar internado no centro de tratamento intensivo.
    O objetivo dessa publicação é apenas mostrar como estamos perdidos no receituário para tratar essa nova pandemia. Nada está comprovado, ainda não temos cura e a vacina deverá demorar para mostrar sua eficácia. A prescrição desses fármacos deverá ser de comum acordo entre o médico e o paciente.

segunda-feira, 13 de julho de 2020

    TEMPOS DE COVID (Sars-CoV-2)

 

     Polêmicas e incertezas entre leigos, médicos e sociedades de especialidades médicas, ora defendendo tratamento com medicamentos sem comprovação de eficácia, ora defendendo medidas restritivas baseadas em testagem, identificação, isolamento e monitoramento dos infectados.          Questionamentos são publicados e compartilhados em todas as mídias sociais. Os mais esperançosos aguardam com otimismo a chegada da imunização contra o novo coronavírus. No momento duas vacinas para Sars-CoV-2 estão em fase avançada de testes: Universidade de Oxford/AstraZeneca e Sinovac do laboratório chinês. Dentre uma centena, ainda em estudos, pouco mais de 20 encontram-se em testes com humanos. Hoje permanece a incógnita: quando estarão disponíveis para aplicação em larga escala?

    A pergunta que paira na mente dos médicos adeptos ao tratamento com cloroquina/hidroxicloroquina, azitromicina, ivermectina, zinco e vitaminas C e D: se não há um tratamento comprovadamente eficaz em testes randomizados e duplo cego disponível, porque não usar um conjunto de drogas há tempos no mercado e sabidamente sem grandes efeitos colaterais, exceto em cardiopatas, com estudos observacionais positivos para o tratamento do vírus? Outro questionamento dos céticos: se 80% dos infectados com o vírus terão apenas sintomas leves ou serão assintomáticos, por que então tomar medicações sem evidências científicas robustas? Próxima questão: se não tomar as drogas disponíveis e contestadas seria eu aquele sujeito às complicações graves com risco de morte? Sabe-se que comorbidades (cardiopatas, hipertensos, obesidade e diabetes) são fatores que influenciam a evolução da doença. Pesquisas do genoma humano tentam explicar por que diferentes indivíduos, como a resistência de centenários, evoluem para formas amenas do Sars-CoV-2. Talvez no futuro testes poderiam separar aqueles portadores de genes protetores dos genes de risco e colocar esses últimos em situação de proteção para novas epidemias e pandemia que seguramente virão. No momento atual lidamos com a incerteza do médico: não fazer nada é proteger o paciente? O relacionamento confiável médico-paciente, a responsabilidade e experiência profissional somado com a anuência do paciente ao tratamento constitui a fórmula do sucesso terapêutico em qualquer situação.

Dr. DENISON NORONHA FREIRE – Médico Pneumologista e Geriatra CRM 4503  RQE Pneumologia: 433, Tisiologia: 5354, Geriatria: 15629. 

Rua Senador Souza Naves, 1035 sala 02  Londrina Fone (43) 33215497 e (43) 999925497 Londrina-PR


TESTANDO O COVID-19     Reflexões de duas mulheres no passado, mas que espelham a situação atual da pandemia: “QUANDO NADA É CERTO, TUDO É...